Abordagem do risco de fratura
Baixa massa óssea medida pelo exame de densitometria óssea (T-score) é um dado objetivo importante para o diagnóstico de osteoporose em pacientes que não tiveram fratura. Baixa densidade mineral óssea (DMO) é, isoladamente, o melhor preditor do risco de fratura. Uma metanálise de 19 estudos com mais de 50 mil indivíduos mostrou que o risco de fratura aumenta de 1,5 a 3 vezes para cada diminuição do desvio padrão (DP) do T-score na DMO(1). Os valores obtidos na DMO para o T-score estimam fratura da mesma forma que a medida da pressão arterial estima o acidente vascular cerebral e com maior sensibilidade que a dosagem do colesterol sérico prediz infarto do miocárdio(1).
Embora a determinação da DMO em um local do esqueleto possa também estimar fraturas em outros locais, a sensibilidade da DMO como estimador do risco de fratura em um determinado local (por exemplo, quadril, coluna, rádio distal) melhora se sua medição for feita no próprio local. O maior coeficiente de risco é demonstrado no quadril onde uma diminuição de 1 DP no T-score aumenta o risco de fratura em 2,6 vezes(1). Assim, um indivíduo com T-score de -2 no quadril terá um risco estimado de fratura no quadril de 2,6², ou seja, mais que seis vezes o risco em relação a um indivíduo com T-score de 0 DP. Para a coluna, este coeficiente de estimativa é menor (1,6) e se um indivíduo apresentar, por exemplo, um T-score de -3 na DMO de L1-L4, seu risco calculado para fraturas de quadril será de 1,6³ em relação a um indivíduo com T‑score de 0 DP no mesmo local. Os riscos avaliados nestas duas comparações são denominados riscos relativos (RR) sitioespecíficos, pois a comparação é feita entre a diferença nos riscos dos T-scores de dois pacientes (um relativo ao outro). Mesmo levando em conta que o T-score seja de grande auxílio na tomada da decisão clínica, seu papel como elemento para estimativas do risco de fraturas depende fortemente de como seus valores são interpretados. Embora a definição operacional densitométrica adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o diagnóstico da osteoporose seja uma DMO menor que 2,5 desvios-padrão abaixo do pico estimado de massa óssea (T-score ≤ -2,5), a maioria das fraturas (número absoluto) ocorre em mulheres com T-score maior que – 2,5(2). O T-score obtido na densitometria óssea pode ter também diferentes interpretações quando utilizado para avaliar o risco de fratura em pacientes com idades diversas. O valor do T-score obtido em uma mulher com 50 anos de idade tem implicações diferentes na avaliação do risco de fratura quando comparado ao mesmo valor em uma mulher de 80 anos. Para um mesmo valor de DMO, uma idade mais avançada torna-se um melhor preditor do risco de fratura. As razões pelas quais a idade aumenta o risco para fraturas ainda não estão bem definidas, porém, fatores contribuintes incluem uma maior probabilidade de quedas e alterações na qualidade óssea (por exemplo, maturação do colágeno, perda da organização da microarquitetura óssea). Uma fratura prévia por fragilidade também é um fator de risco independente da DMO para novas fraturas(3). Estudos populacionais e avaliações dos braços “placebo” dos ensaios clínicos farmacológicos demonstraram que uma fratura de quadril prévia dobra o risco de nova fratura de quadril e uma fratura vertebral prévia aumenta de 4 a 19 vezes o risco de nova fratura vertebral.
Como citar este artigo: Zerbini CAF, Eis SR. Abordagem do risco de fratura. Rev Paul Reumatol. 2011;10(S1):42-4. DOI: https://doi.org/10.46833/reumatologiasp.2011.10.S1.42-44.
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