Depressão, ansiedade e disfunção cognitiva no lúpus eritematoso sistêmico: da fisiopatologia à abordagem neuropsicológica
Introdução
As síndromes neuropsiquiátricas em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) são comuns e apresentam características diversas. Podem ser classificadas em manifestações difusas, como depressão e psicose; ou focais, como mielite transversa e acidente vascular cerebral (AVC)1. Dentre as 19 síndromes neuropsiquiátricas descritas pelo American College of Rheumathology (ACR), as mais frequentes entre pacientes adultos são: cefaleias (20-40%), disfunção cognitiva (DC) (10-20%), transtornos de humor (10-20%), crises convulsivas (7-10%), doença cerebrovascular (7-10%) e ansiedade (4-8%)2. Apesar das prevalências superiores às observadas na população geral3, permanece a discussão se tais síndromes são consequências diretas da doença autoimune ou secundárias a seus efeitos e a seu tratamento. A ocorrência de eventos neuropsiquiátricos no LES está associada a pior prognóstico, diminuição da qualidade de vida, maiores taxas de abandono escolar e de desemprego4,5.
O perfil comportamental queixoso, emocionalmente dependente e disfuncional para aspectos práticos do cotidiano é frequente entre os pacientes com LES. Estudos mostram que mesmo indivíduos sem histórico de comprometimento neurológico apresentam alterações neuropsiquiátricas difusas como depressão e DC6,7. Modelos animais e estudos com pacientes demonstraram mudanças estruturais e funcionais em determinadas regiões cerebrais como amígdala8, corpo caloso9 e hipocampo10,11, fundamentais para o processamento emocional e cognitivo. Outros estudos apontam alterações de fluxo sanguíneo cerebral12 e nas taxas de concentração de metabólicos referentes a lesão neuronal13, revelando possíveis mecanismos de dano silenciosos.
Este artigo visa a discutir os principais aspectos biopsicossociais relacionados com transtorno de humor, ansiedade e DC no LES, e apresentar evidências de diferentes técnicas utilizadas pela neuropsicologia para a abordagem dessas síndromes.
Correspondência: Dra. Helena Alessi, e-mail: [email protected].
Como citar este artigo: Alessi H. Depressão, ansiedade e disfunção cognitiva no lúpus eritematoso sistêmico: da fisiopatologia à abordagem neuropsicológica. Rev Paul Reumatol. 2017 abr-jun;16(2):30-4. DOI: https://doi.org/10.46833/reumatologiasp.2017.16.2.30-34.
Agentes Financiadores: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A autora declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e empresas descritos neste artigo.
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