Uso de condroitina e glucosamina no tratamento da osteoartrite
Introdução
A osteoartrite (OA) caracteriza-se por alteração na cartilagem, mas também no osso subcondral e na membrana sinovial, sob modificações metabólicas e estruturais de acordo com a progressão da doença. O desafio é identificar os fenótipos para um tratamento particularizado. Até o momento, o manuseio no tratamento para OA consiste, predominantemente, no tratamento sintomático, isto é, redução da dor e melhora da funcionabilidade articular, com a combinação de abordagens farmacológicas e não farmacológicas1-7.
Os glucosaminoglicans, como o sulfato de condroitina (CS) e a glucosamina – sulfato de glucosamina (GS) e/ou cloridrato de glucosamina (GHCL) –, são dois compostos naturais considerados symptomatic slow acting drugs for osteoarthritis (SYSADOA). Tem-se demonstrado que esses compostos possuem capacidade de modificar a doença (disease-modifying – DMOAD), baseando-se na medida de redução do espaço articular em radiografias.
O emprego desses produtos, bem como a relevância de sua eficácia clínica, estão em constante debate, desde que começaram a ser comercializados over the counter como suplementos alimentares nos EUA e como drogas registradas na Europa. Empregados na Europa por muitos anos, continuam muito populares em vários países. São recomendados por vários guidelines de sociedades internacionais para tratamento da OA de joelhos e quadris, enquanto outras não recomendam, ou recomendam sob condições. Assim, os guidelines da European League Against Rheumatism (EULAR) e o 2010 OARSI para tratamento da OA de joelhos recomendam o CS e o GS2-5. Em contraste, o UK’s National Institute for Health and Care Excellence (NICE) não os recomenda, principalmente por razões econômicas, enquanto o American College of Rheumatology (ACR) os recomenda sob condições1. Recentemente, o OARSI lançou novos guidelines baseados nos prévios guidelines para OA, uma atualização do 2010 OARSI, com revisão sistemática e consenso de 13 experts, empregando o RAND/UCLA appropriateness method e Delphiprocesso de votação8. Os experts votaram em uma incerta excelência para o CS e o GS, apesar da boa evidência em qualidade, com um escore de muito baixo risco e para um moderado a grande efeito (acima de 0,75 para SC) e alto escore de benefício.
O CS e o GS mostram efeitos benéficos em modelos in vitro, no metabolismo de células derivadas da sinóvia articular: condrócitos, sinoviócitos e células do osso subcondral, todas elas comprometidas no processo de OA. O CS e o GS aumentam o colágeno tipo II e a síntese de proteoglicans em condrócitos articulares humanos e estão aptos a reduzir a produção de algumas proteases e mediadores pró-inflamatórios, para reduzir o processo de morte celular e aumentar o balanço anabólico/catabólico da matriz da cartilagem extracelular.
Estudos clínicos relatam efeito benéfico do CS e GS sobre a dor e a funcionabilidade articular. Resultados para OA de joelhos demonstram pequena, porém significante diminuição da taxa de redução do espaço articular9-13.
Correspondência: Dr. Antonio J. L. Ferrari, e-mail: [email protected].
Como citar este artigo: Ferrari AJL. O uso de condroitina e glucosamina no tratamento da osteoartrite. Rev Paul Reumatol. 2016 jan-mar;15(1):16-20. DOI: https://doi.org/10.46833/reumatologiasp.2016.15.1.16-20.
O autor não contou com apoio financeiro.
O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e empresas descritos neste artigo.
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