Frente ao alerta epidemiológico para o surto de meningite meningocócica que está acontecendo na cidade de São Paulo, inclusive com casos fatais, a Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR) orienta a todos os pacientes com doenças reumáticas imunomediadas, como lúpus eritematoso, artrite reumatoide e idiopática juvenil, entre outras, de todas as faixas etárias, para revisar e atualizar seu cartão vacinal para meningite meningocócica. Na cidade de São Paulo, a vacinação ocorre no CRIE (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) Unifesp, Rua Borges Lagoa, 770, Vila Clementino – São Paulo, fone: (11) 5576-4993. Para realizar a vacina no CRIE é necessário trazer o pedido médico com o diagnóstico, cartão do SUS e a caderneta da vacina. Vale lembrar que os pacientes imunossuprimidos têm prioridade.
De acordo com a médica reumatologista pediátrica Gecilmara Salviato, da Comissão de Reumato Pediatra da SPR e da Comissão de doenças infecciosas da SBR, é muito importante que a vacinação de pacientes com doenças reumáticas imunomediadas esteja em dia.
“O risco de infecções é muito maior neste grupo especial de pacientes do que nas pessoas saudáveis. Isso ocorre tanto pela doença em si, como pelos tratamentos que induzem imunossupressão”, ressalta a médica.
A meningite é uma inflamação das meninges —as três membranas que envolvem o cérebro e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. A doença pode ser causada por bactérias ou vírus. Pessoas de todas as idades podem desenvolver o quadro, sendo mais comum entre crianças e adolescentes, porém, para imunocomprometidos, este risco é maior em qualquer idade.
“Agora, temos a meningite meningocócica tipo C neste surto. Esta é a mais grave e preocupante, por ter evolução rápida e imprevisível, com a taxa de letalidade alta, cerca de 30%, além de poder deixar sequelas em quem sobrevive, como perda de audição ou de visão, mas felizmente temos vacina contra ela”, explica a Dra. Gecilmara.
Entre os principais sintomas estão: febre, dores, mal-estar, vômito, dor de cabeça, convulsão, e eventualmente manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. O último sinal, inclusive, é o indicativo de que a bactéria se alastrou pelo organismo, o que pode virar uma infecção generalizada.
VACINAS – Dra. Gecilmara explica que existem diferentes “sorotipos” de meningococos. Um dos mais comuns é o do tipo C (surto atual), contra o qual tem um imunizante disponível gratuitamente na rede pública. Além dessa vacina, o PNI (Programa Nacional de Imunizações) também disponibiliza imunizantes que agem contra agentes causadores de outras meningites.
As crianças continuam sendo o público-alvo das campanhas de conscientização da doença. São indicadas três doses de reforço, sendo uma entre 12 e 15 meses, outra entre 5 e 6 anos, e mais uma entre 11 e 12 anos de idade. Para crianças e adolescentes de 10 a 19 anos de idade, caso não tenham recebido a vacina na infância, são recomendadas duas doses com um intervalo de cinco anos.
Para os pacientes com doenças que levam à imunossupressão, como aqueles com doenças reumáticas, a vacina está indicada para todas as faixas etárias e está disponível nos CRIEs (Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais).
CASOS – A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo confirmou a morte de uma mulher, de 42 anos de idade, por meningite. Ela era moradora da região que abrange a Vila Formosa e o Aricanduva, dois bairros da zona leste da capital. Esse é um dos cinco casos de meningite meningocócica do tipo C registrados no período de 16 de julho a 15 de setembro. Além da mulher, os demais casos foram registrados em um bebê de 2 meses e em adultos de 20, 21 e 61 anos de idade.
Segundo a prefeitura de São Paulo, imediatamente após as notificações dos casos foram desencadeadas ações de prevenção e controle pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), como o fornecimento de medicamentos preventivos para pessoas consideradas mais próximas, como parentes ou habitantes da mesma casa de pessoas acometidos pela doença, além da intensificação vacinal na região, de moradores entre 3 meses e 64 anos de idade, inclusive com busca ativa. Já foram vacinadas 7.400 pessoas na região nos últimos 15 dias.
Mais 4 estados estão apontando para um aumento no número de casos, por isso essa recomendação deve se estender a todo o território nacional. “Essa situação nos coloca em alerta, porque é fundamental evitar a doença e isso ocorre com a imunização. Existe uma queda na vacinação de forma geral, esta é uma das principais preocupações apontadas por especialistas, ‘a baixa cobertura vacinal’, que amplia a ameaça da doença e de outras já controladas, como a pólio”, ressalta Dra. Gecilmara. Segundo o Ministério da Saúde, o país registrou até o momento 5.821 casos de meningite e 702 óbitos, com taxa de cobertura vacinal em torno de 52,08%.
fontes: Sociedade Paulista de Reumatologia / Folha de S.Paulo / Agência Brasil (EBC) e Prefeitura de São Paulo e www.cve.saude.sp.gov.br