Evolução dos Consensos Nacional e Internacional para Padronização da Nomenclatura de Padrões de Autoanticorpos Contra Antígenos Celulares (ANA-HEp-2)
Introdução à avaliação de autoanticorpos em células HEp-2
A técnica de imunofluorescência indireta (IFI) utilizando células HEp-2 como substrato antigênico para a pesquisa de autoanticorpos contra antígenos celulares (FAN-HEp-2)1 é considerada a técnica padrão ouro e advém da pesquisa do fator antinúcleo (FAN) que utilizava imprint de fígado de camundongo e cortes de tecidos animais como fonte antigênica. As células HEp-2 (American Type Culture Collection CCL-23) representam uma linhagem tumoral contínua2 e apresentam algumas vantagens quando comparadas ao tecido animal: (1) não requerem a manutenção de biotérios ativos; (2) apresentam-se como arranjo em monocamada, facilitando o exame microscópico; (3) expressam antígenos presentes em todas as fases do ciclo celular (Figura 1); (4) disponibilizam antígenos ausentes no tecido de roedor como o complexo SS-A/Ro; (5) permitem reprodutibilidade do teste em diferentes laboratórios espalhados pelo mundo1.
A expressão de antígenos dependentes do ciclo celular e a melhor visibilidade dos diferentes compartimentos da célula (núcleo, nucléolo, citoplasma, aparelho mitótico e placa cromossômica metafásica) resultaram em um espectro ainda maior de padrões de IFI reconhecidos. Os cinco padrões básicos de FAN observados no ensaio com imprint ou corte de fígado de roedores deram lugar a mais de 30 padrões que podem ser identificados e reportados no FAN-HEp-23,4.
Como contraponto, o ensaio FAN-HEp-2 apresenta características a serem consideradas: (1) menor limiar de concentração sérica a partir do qual os autoanticorpos passaram a ser detectados e níveis baixos de autoanticorpos por vezes não detectáveis no teste FAN com tecidos de roedores passaram a ser detectáveis; (2) elevada sensibilidade em detrimento da especificidade; (3) expressão de uma miríade de antígenos que, quando reconhecidos por autoanticorpos presentes em amostras de soro, resultam em múltiplos padrões de IFI exigindo laboratoristas bem preparados para adequada interpretação; (4) necessidade de minuciosa padronização da técnica, da interpretação e dos laudos; (5) necessidade de atualização continuada dos profissionais envolvidos na prescrição, realização e interpretação do teste, fundamentais para o seu bom emprego3,4.
Correspondência: Dr. Wilson Melo Cruvinel, e-mail: [email protected].
Como citar este artigo: Silva MJ, Dellavance A, Andrade LEC, Cruvinel WM. Evolução dos Consensos Nacional e Internacional para Padronização da Nomenclatura de Padrões de Autoanticorpos Contra Antígenos Celulares (ANA-HEp-2). Rev Paul Reumatol. 2016 jul-set;15(3):38-49. DOI: https://doi.org/10.46833/reumatologiasp.2016.15.3.38-49.
O autor Luis Eduardo C. Andrade recebe verba de pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e empresas descritos neste artigo.
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